#ÍndioNãoÉFantasia
- Bruna Leão
- 5 de fev. de 2018
- 2 min de leitura
"Isso é racismo, não é homenagem", diz Katú, mulher indígena,
em vídeo que fez sucesso nas redes sociais

Pinturas no rosto, penas e cocar. A fantasia de índio é uma das mais comuns nos carnavais de rua e nos bailes frequentados pela high society. Uma indígena, no entanto, vem denunciando essa prática como racista. "Indígenas existem, existimos, temos cultura. Isso é racismo, não é homenagem", diz Katú em um vídeo publicado nas redes sociais (você pode conferir ao final deste artigo).
Recentemente vemos nos jornais a luta de indígenas contra garimpos ilegais na Terra Indígena Munduruku e na Floresta Nacional do Crepori, no sudoeste do Pará. Eles expulsaram - literalmente - garimpeiros do local, após se verem mais uma vez esquecidos pelo poder Estatal.
A Folha de São Paulo acompanhou a história e a capa do jornal de ontem, dia 4 de fevereiro, estampa a indignação de Katu em uma ironia dolorosa. Vemos a reportagem sobre a luta indígena acima. "Guerreiros do rio", diz. A imagem exibe indígenas em uma embarcação que corre sobre um rio lamacento, rodeados por uma paisagem estarrecedora da destruição ambiental que combatem. Abaixo, vemos pessoas brancas fantasiadas de índios, sorridentes ao sol.
Assim, percebemos que enquanto, para uns, ser indígena é resistir e lutar pelo seu território, direitos e dignidade. Para outros, é um acessório carnavalesco. Passado o bloco, os acessórios são devolvidos às gavetas e o "ser índio" apenas por um dia de folia não carrega o peso daqueles que são índios e que não deixam de ser após a quarta-feira de cinzas.

Isso não é homenagem. É muita conveniência se fantasiar de índio para brincar de carnaval sem ter que vivenciar o que é ser índio em uma sociedade que reiteradamente invisibiliza as demandas das lutas dos povos indígenas. É preciso que tenhamos respeito por pessoas que são índios, não fantasias.
No final do vídeo, Katú deixa mais um recado: "se você apoia a causa indígena, se você apoia o movimento de que pessoas não são fantasias, nos ajude a subir a hashtag nas redes sociais: #indionãoéfantasia". Apoiado!
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