Cineasta feminista é homenageada no Festival de Curtas de São Paulo
- naomekahlo
- 22 de ago. de 2017
- 4 min de leitura
Além de filmes de Carole Roussopoulos, curtas dirigidos por mulheres negras estão na seleção do evento, que acontece de 23 de agosto a 03 de setembro

O Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo chega à sua 28ª edição entre os dias 23 de agosto a 03 de setembro de 2017. Na programação especial deste ano, uma homenagem à cineasta e ativista feminista Carole Roussopoulos (1945-2009). Nascida na Suíça e radicada na França, ela foi uma das pioneiras na arte do videomaker e registrou o movimento pelo direito das mulheres e a luta contra o pr
econceito homossexual e racial em mais de 150 documentários, produzidos entre 1960 e 1990. Com sua câmera em mãos, ela acompanhou inúmeras manifestações, protestos sindicais e a inquietude das ruas, correndo, literalmente, atrás das histórias das minorias.
Na mostra A Revolução do Desejo, o festival apresenta o vídeo mais conhecido de Roussopoulos, “S.C.U.M. Manifesto”, baseado na obra da feminista radical norte-americana Valerie Solanas. A diretora datilografa trechos recitados do livro enquanto uma televisão, ao fundo, transmite imagens de guerra em um noticiário. No curta “Genet Parle D'Angela Davis”, o escritor francês Jean Genet denuncia a política racista dos Estados Unidos, apoiando os Black Panthers e a filósofa e ativista Angela Davis, presa em 1970. Já “Le F.H.A.R.” (Fronte Homossexual de Ação Revolucionária) retrata a primeira manifestação homossexual na parada do Dia do Trabalho em Paris, em maio de 1971.

Documentários dirigidos por Carole Roussopoulos
Mulheres negras
A 28ª edição do festival apresenta três programas especiais dedicados a mulheres negras. Com curadoria de cineastas integrantes da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), as mostras Mulheres Negras – Mergulho Ancestral e Mulheres Negras – Identidade Polfônica reúnem filmes feitos por e sobre mulheres negras, abordando questões de representatividade e ancestralidade.
Entre eles está “Kbela”, de Yasmin Thayná, um olhar sensível sobre a experiência do racismo cotidiano e a descoberta de uma força ancestral que emerge dos cabelos crespos. Em “Cores e Botas”, de Juliana Vicente, Joana quer ser paquita, mas ela é negra e Xuxa nunca teve uma negra em seu programa. Já o documentário “Mucamas”, do Coletivo Nós Madalenas, conta a história de cinco mulheres que foram ou são empregadas domésticas, pelo olhar das suas filhas.
Empoderadas é um programa que traz episódios da websérie idealizada pela cineasta paulistana Renata Martins em 2015. O projeto apresenta histórias de mulheres negras que, resistindo ao racismo e ao machismo de nossa sociedade, fazem de seu trabalho fonte de inspiração para outras mulheres. Entre as personagens documentadas está a rapper mirim “MC Soffia”.
No dia 27 de agosto, às 17h, no MIS (Museu da Imagem e do Som), o debate Quesito Cor reunirá as convidadas Viviane Ferreira, presidente da APAN, Vilma Reis, socióloga, Ouvidora da Defensoria Publica do Estado da Bahia e ativista do movimento de mulheres negras, Yasmin Thayná, diretora do curta “Kbela” e Débora Ivanov, presidente da ANCINE, para discutir a equidade no audiovisual.

Nas mostras Mulheres Negras: “Kbela” e “Cores e Botas”
28º Festival de Curtas
Dirigido por Zita Carvalhosa e organizado pela Associação Cultural Kinoforum, com a chancela do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras e da Sabesp, o 28º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo apresentará gratuitamente 365 filmes de 55 países em seis salas de cinema da capital – MIS, CineSesc, Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú Augusta, Cinusp, CCSP, além de outras dezessete participantes do Circuito Spcine. Com o tema “Humor em tempos de cólera” e cartaz assinado por Laerte, a edição destaca filmes que utilizam o humor para tratar de questões polêmicas.
A programação é dividida em três partes: as mostras principais Internacional, Latino-Americana e Programas Brasileiros, que reúnem o melhor do cinema atual; os Programas Especiais, com atrações já tradicionais do festival, como a Mostra Infantojuvenil e Quinzena dos Realizadores, além de novidades a cada edição; e as Atividades Paralelas, que incluem debates e workshops em torno do audiovisual, estreando neste ano o laboratório de desenvolvimento de projetos LABEX – Curta Kinoforum.
Dentro do tema da edição, uma coletânea do Porta dos Fundos aborda a fé e suas implicações no mundo moderno e uma retrospectiva traz curtas cômicos que já passaram pelo festival como “Dossiê Rê Bordosa” e “Tapa da Pantera” e produções dirigidas por nomes como José Roberto Torero e Kleber Mendonça e títulos.
O festival também homenageia Jacques Rivette, grande expoente da Nouvelle Vague, e celebra a presença brasileira nos 70 anos de Cannes e os 50 anos do Festival de Viña del Mar, trazendo ainda um programa de filmes da comunidade dos países de língua portuguesa.
A seleção conta com curtas premiados, como o chinês “Uma Noite Suave” (Palma de Ouro em Cannes) e o português “Cidade Pequena” (Urso de Ouro em Berlim), filmes exibidos nos principais festivais mundiais, como o colombiano “Damiana” e os nacionais “Nada” e “Demônia - Melodrama em 3 Atos”, além de brasileiros que são estreias mundiais: “A Passagem do Cometa”, “Filme-Castástrofe” e “Torre”.

O premiado português “Cidade Pequena” e o colombiano “Damiana”, que foi exibido em Cannes
28º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO
Data: 23 de agosto a 03 de setembro de 2017 – Entrada gratuita
Locais: MIS, CineSesc, Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú Augusta, Cinusp, CCSP e Circuito SP Cine de Cinema.
Informações: www.kinoforum.org/curtas / www.facebook.com/kinoforum
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