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Justiça para Noura Hussein

  • Bruna Leão
  • 12 de mai. de 2018
  • 2 min de leitura

Jovem de 19 anos mata, em legítima defesa, seu marido estuprador e é condenada à morte

Noura Hussein foi obrigada a casar aos 16 anos. Ela recusou e abandonou sua família, que morava em Khartoum, no Sudão, para viver com sua tia em Sinnar. Queria estudar e formar-se professora.

Três anos depois, seu pai ligou dizendo que o casamento havia sido cancelado e que ela poderia voltar para casa. Chegando lá, Noura descobriu que havia sido enganada. Ela, foi então, “entregue” ao noivo.

A jovem se recusou a manter relações sexuais com o marido e a “consumar” o casamento durante os quatro primeiros dias. No quinto dia, segundo relatou, ele a estuprou com a ajuda de alguns familiares (primos e irmão). Eles a imobilizaram para que o estupro acontecesse.

No dia seguinte, o marido tentou estuprá-la novamente. Ela retalhou, para se defender, o esfaqueando até a morte. Após, procurou sua família, que a entregou para a polícia.

Um ano depois, no dia 29 de Abril deste ano, Noura foi condenada por assassinato. No dia 10 de Maio, ela foi sentenciada à morte por enforcamento. Segundo a Sharia (código de leis do islamismo), a família do marido pode escolher entre receber uma compensação financeira pelo crime ou a execução. Agora, Noura tem 15 dias para recorrer da decisão.

A comunidade internacional tem pressionado o governo sudanês chamando a atenção para o caso com a campanha #JusticeForNoura, a partir da mobilização feita por mulheres sudanesas. Além das mobilizações feita nas redes sociais em torno da hashtag, uma petição explicando o acontecido e pedindo assinaturas foi feito na plataforma change.com.

Zainub Afinnih, autora da petição, descreve todo o ocorrido e como o caso foi tratado no país. O retrato é de uma realidade, como de vários outros países, no qual os direitos das mulheres são sistematicamente violados. Sobre o caso de Noura, diz:

“Eu pessoalmente conheço mulheres que casaram contra a sua vontade, que sofreram em silêncio nas mãos dos seus maridos, cujas família praticamente as abandonaram e/ou taticamente ou ativamente apoiaram os abusos de seus maridos (e de suas famílias).

A verdade que odiamos admitir é que a única coisa que faz a história de Noura ser extraordinária é que ela o matou.

(...) Noura foi pintada pela acusação como uma mulher que, sem motivo, ‘brutalmente’ assassinou o marido à sangue frio. Eles negaram o estupro. Eles não apresentaram um contra-motivo. Mesmo sem apresentar uma causa ou motivo [para o crime], eles não questionaram o seu estado mental ou o que a levou a cometer tal crime - e o sistema de justiça não perguntou. Estava contente em julgar um rápido e sujo veredito de culpada”.

Assine a petição na Change.com aqui.

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