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Homens podem ser feministas?

  • Bruna de Lara e Bruna Leão
  • 20 de jul. de 2015
  • 3 min de leitura

Se você está querendo saber se os homens cis (1) podem apoiar campanhas pelos direitos das mulheres, a resposta é sim. Porém, existem discordâncias entre as feministas quanto à denominação desses homens: parte delas dizem que sim, homens podem e devem ser chamados de feministas. Outra parte diz que não.


Essa parcela considera que só pode se denominar "feminista" quem for vítima institucional do machismo, ou seja, as mulheres. Os homens defensores das bandeiras feministas seriam chamados, nesse caso, de pró-feministas. Segundo a visão dessa parcela das feministas, essa terminologia seria mais adequada para enfatizar que o movimento feminista tem como protagonistas as mulheres, e que os homens participam como apoiadores.


Mas como funciona essa questão do protagonismo? Bom, de forma simples, podemos dizer que o feminismo é um movimento cujo foco são as mulheres. Sendo assim, caberia a nós construi-lo e protagonizá-lo, deliberando sobre suas pautas e estratégias. Afinal, garantir que as mulheres tenham poder inequívoco de decisão sobre suas próprias lutas é o mínimo que se poderia esperar de um movimento que deseja empoderá-las.


O pró-feminista, então, precisaria entender que existe uma diferença muito grande entre enxergar o machismo e sofrê-lo na pele. Por isso, não caberia a nenhum homem dizer a uma mulher o que é ou não machismo. Não caberia a ele ditar o que é ou não relevante, o que deve ou não ser combatido e o que pode ou não incomodar. Porque, de novo: o feminismo é um movimento de mulheres.


Se um grupo de mulheres aponta o machismo em determinada situação, e um homem que se diz aliado do movimento insiste em dizer que elas estão enganadas e que não há machismo ali, ele estaria invadindo um lugar de fala que só pertenceria às mulheres. O homem que tem esse tipo de comportamento, chamado de mansplaining, estaria mais preocupado em fazer valer sua opinião, ainda que essa não tenha nenhuma base além de seu “achismo”, do que em ouvir quem passa por essas opressões e em aceitar que essas pessoas entendem mais do que estão falando do que ele.


Existem, porém, pessoas que acusam quem pensa assim de estar segregando os homens. Porém, tomar um espaço de discussão política com o objetivo de carregar a voz das mulheres que foram sistematicamente silenciadas, dando a elas o poder de dizer “quem fala aqui somos nós”, não pode ser visto como um modo de segregação. É, na verdade, uma subversão do status quo – esse sim, segregador – que nos foi imposto.


Os comentários feitos em nossa página mostram como muitos homens, acostumados a ocupar todos os espaços sociais sem nenhum esforço, têm dificuldade de entender e aceitar que desta vez, nesse movimento, ele tem que sair do palco e ocupar um lugar na plateia.


 

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(1) Que de agora em diante iremos nos referir apenas como homens por questões didáticas.

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