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#SomosTodasVerônica, mas nem tanto

  • por Bruna Leão
  • 6 de mai. de 2015
  • 2 min de leitura

A história de Verônica Bolina tomou as redes sociais e, depois, os noticiários. Uma travesti, negra, brutalmente agredida por policiais, os quais tinham a obrigação de resguardar sua integridade física. As imagens a mostravam cercada por policiais, sem camisa, com a roupa rasgada e o cabelo raspado - em uma nítida intenção, por parte dos agressores, de desrespeito à sua identidade de gênero -, além de pés e mãos algemados. Seu rosto estava completamente desfigurado.


Rapidamente, houve comoção em relação ao caso, e movimentos sociais, principalmente feministas, saíram em defesa de Verônica: #SomosTodasVerônicas, diziam.


A esse ponto, não se sabia ao certo por que Verônica estava detida. Haviam mencionado, primeiro, uma briga entre ela e uma senhora já idosa. No entanto, não se sabia quem era a mulher agredida por Verônica ou mesmo se essa agressão havia ocorrido. Não seria a primeira vez que a polícia prende uma pessoa negra pelo menor (ou nenhum) motivo.


Depois, revelou-se nos noticiários que a idosa agredida por Verônica se chamava Laura, tinha 73 anos, sofreu fraturas no nariz e no braço, teve um ligamento das pernas rompidos, perdeu todos os dentes da parte superior da boca e teve que passar inclusive por uma cirurgia para tratar um traumatismo craniano.


Aqui, a história muda.


Começou a se considerar precipitado o endosso à “campanha” #SomosTodasVerônica. Ninguém negava que Verônica não deveria ter sido agredida, mas também não deveria ser “endeusada”.


E isso por um motivo bem simples: Verônica passou de vítima a criminosa.


Quando se é criminoso, o indivíduo automaticamente perde sua cidadania. Não é à toa, por exemplo, que tentaram fazer com que Amarildo fosse tachado de traficante. E caso ele realmente fosse um, não seria tão importante saber “onde está Amarildo”. Ou talvez até seria, mas não ao ponto de se fazer uma mobilização tão grande para isso. A esquerda não brada que “bandido bom é bandido morto” mas também acredita que a defesa de um “bandido” tem lá seus limites.


E foi o que ocorreu com Verônica, infelizmente: “vamos defender direitos humanos sim, mas nem tanto”.



Fonte: http://noticias.r7.com/sao-paulo/eu-abri-a-porta-e-ela-disse-que-ia-me-matar-diz-idosa-agredida-por-travesti-em-sao-paulo-22042015


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