Essa é a minha "desculpa"!
- Taryn Brumftt
- 6 de abr. de 2015
- 4 min de leitura

"Qual a sua desculpa?"
Querida Maria – qual a minha desculpa por não ter um corpo como o seu?
“Meu deus, é a Celebração da Semana do Livro na escola amanhã e eu ainda não fiz fantasias para Oliver e Cruz. Querido, você pode sair e buscar gyros para jantar hoje?”
E
“Não consigo me incomodar em ir para a academia hoje à noite, acho que vou ficar em casa e assistir um filme” são apenas duas das desculpas que me vêm à mente.
Queria Maria Kang, ESSA é minha desculpa por não ter um corpo como o seu. Eu tenho uma longa lista de desculpas que eu poderia dar à Maria Kang por não ter a aparência que ela tem, mas eu realmente não quero estar à mercê de seus julgamentos (eu não respondo a ela, eu respondo somente a mim mesma). Então, ao invés de divagar sobre todas minhas desculpas eu prefiro aproveitar a oportunidade para deixar algumas coisas claras de uma vez por todas.
Eu tive o corpo (quase) perfeito e não é tudo aquilo que a gente imagina.
Em maio eu participei de uma competição de roupas de banho e fitness, e isso foi uma grande parte da minha (a palavra que quase me faz querer vomitar dentro de minha boca) “jornada” da minha imagem corporal. Foi um desafio que eu travei para mim mesma para ver quão longe eu poderia levar meu corpo; era meu experimento pessoal.
Como que eu me sentiria em relação ao meu corpo se eu perdesse muito peso e o tonificasse? Como que é a sensação de usar um biquíni? Levou 15 semanas de treino pesado (como o de um atleta) e 100% de disciplina com minha dieta, mas eu consegui, perdi muito peso, subi naquele palco e desfilei com meu biquíni cheio de gliter e meus sapatos pornográficos.
Eu passei disso ...

Para isso:

E é claro que as pessoas só focavam em como eu estava linda, como eu era uma inspiração e desconsideravam o fato que havia uma poça de sangue, suor e lágrimas (não somente as minhas) para chegar nessa posição. Tornou-se aparente que ninguém realmente entendia o nível de comprometimento que era necessário para aparentar como eu aparentava (ninguém, inclusive Maria).
E é por isso que eu faço uma grande exceção para os comentários de Maria.
Para ter a aparência dela é (para a maioria das pessoas) completamente possível, se você está disposta sacrificar quase todas as coisas que você ama. E eu não estava disposta a fazer isso. Eu não sei quanto a você, mas eu realmente adoro passar tempo com meus filhos, dormindo até tarde nos fins de semana, comendo o que eu quero e quando eu quero e tendo a ocasional noitada com as garotas.
Agora, não me entendam errado, antes que vocês loucos por saúde se indignem comigo por promover obesidade. Eu ouvi seus argumentos quando postei minha nada tradicional foto de “antes e depois”.

"Antes/Depois"
Eu SOU uma advogada da saúde. Eu corro, faço musculação, como de modo saudável mas também como um cookie com meu café com leite de soja e engulo hambúrgueres estranhos ou gyros quando estou com vontade. Isso se chama equilíbrio. E enquanto eu estou no meu tablado de discurso (estarei aqui por mais uns minutos): saúde não é ditada por sua aparência. Saúde é física, emocional e espiritual e muito mais não visível e nem sempre óbvia para os outros.
E há algo a mais a se considerar: um bom ditado antigo... “Você não pode julgar um livro pela sua capa”. Esse ditado não poderia ser mais verdade no caso do meu corpo de biquini. Enquanto na superfície era só sorrisos, fadas e borboletas, dentro eu estava precisando por um pouco de equilíbrio em minha vida.
Em particular, eu me sentia como uma mãe egoísta. Naquelas 12 semanas as crianças escutaram MUITAS VEZES “estarei lá em um minuto” (mas nunca aparecendo) ou “não posso ir” ou “não tenho tempo”.
Treinar como um monstro significa menos tempos para as crianças (quando eu não estava treinando ou estava preparando uma refeição saudável ou mais para o ponto de OBCECANDO por refeições saudáveis).
Ovos cozidos fedidos em ônibus, me pesando obsessivamente, discussões com meu marido (eu fiquei irritável quando não podia comer chocolate), lavando demais meu cabelo, comendo frango cozido em uma tigela em banquetes chineses, tendo ânsia de vômito enquanto comia brócolis, peixe e fritas na praia sem o peixe e as fritas.
Há um lado obscuro e não contado em ter um corpo como o de Maria – ela o está escondendo (eu sei), está escondido atrás de suas fadas e borboletas.
Então, quando você vir uma postagem como a de Maria “Qual a sua desculpa?” por favor não se sinta ameaçada ou irritada, mas contente por ter o conhecimento que ter o corpo “perfeito” não é tudo aquilo que dizem ser.
*Mais sobre a história da autora do texto, que está fazendo um documentário sobre imagem corporal:
*Esse texto é uma resposta à campanha liderada por Maria Kang, originalmente publicado aqui e traduzido por Renata Morales
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