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A polêmica cintura da Cinderela

  • Bruna Leão
  • 23 de mar. de 2015
  • 3 min de leitura

A recriação cinematográfica do clássico filme da Disney antes mesmo de estrear já causava controvérsias no meio feminista. Tudo por causa de imagens divulgadas do filme nas quais se podia perceber a cintura extremamente fina da personagem principal, a princesa Cinderela.

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O filme trouxe novamente o debate sobre os padrões estéticos retratados por filmes em Hollywood e os efeitos nocivos que trazem à saúde, principalmente, de mulheres. O fato de ser comum as atrizes terem que perder peso para estar em um filme também não é novidade no mundo do cinema. Tina Fey fez piada com esse assunto no Golden Globes:



Lily James, a atriz que interpreta Cinderela no filme, deu entrevista dizendo que a sua cintura não foi retocada digitalmente. Até aí, tudo bem…Mas o que ela disse depois foi particularmente chocante: que, para entrar no figurino de princesa, ela teve que fazer uma “dieta líquida”. Basicamente, ela não comia nada, somente ingeria líquidos.


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É realmente absurdo que uma atriz tenha que passar fome para poder interpretar uma personagem em um filme. Toda essa história faz menos sentido quando vemos que a atriz já é magra, ou seja, já está no padrão hollywoodiano de beleza. Será mesmo que nem uma pessoa magra como Lily James se enquadra mais no padrão esperado pela indústria?


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No caso, ainda mais preocupante é que o filme tem crianças como seu alvo. Crianças aprendem sobre si mesmas, outras pessoas e o mundo em geral a partir do que veem e escutam. Elas absorvem todas essas mensagens da mídia, seja em comerciais, desenhos, filmes. Elas estão em um processo de construção de sua identidade e são extremamente influenciáveis.


Esse não é um problema teórico, é um problema real e preocupante. Uma pesquisa recente afirma que mais da metade das meninas e cerca de um terço dos meninos acham que seu peso ideal é menor que seu peso atual, ou seja, se acham gordos. A partir dos 7 anos, uma em cada 4 crianças faz algum tipo de dieta. O resumo dessa pesquisa diz o seguinte:


“Nossa análise da pesquisa sobre as ligações entre imagem corporal e mídia examina o papel tanto da mídia tradicional (filmes, TV, revistas, anúncios) quanto das formas mais novas de mídias sociais, interativas, online, digitais. Concluímos que a imagem corporal começa a ser desenvolvida em uma idade bem jovem e que múltiplos fatores – principalmente pais, algumas mídias e colegas – exercem influência sobre isso. Problemas de imagem corporal predominam enormemente, e normas sociais acerca da aparência e do peso retratadas na mídia infantil são irrealistas e marcadas por estereótipos, incluindo de gênero. O consumo da grande mídia por parte das crianças traz o risco de fazê-las desenvolver relações pouco saudáveis com seus corpos. A pesquisa sobre mídias sociais e imagem corporal ainda está em estágios iniciais, mas sugere que essas novas mídias podem apresentar tanto ambientes positivos quanto negativos para a autoestima e a estima corporal. Diversos grupos – as crianças pequenas, os meninos, as crianças de cor, a juventude LGBT – não são bem estudados, métodos longitudinais e etnográficos são raros, e a pesquisa sobre mídias digitais online ainda não conseguiu acompanhar a explosão do uso desses meios entre crianças e adolescente”


O filme ainda não foi lançado no Brasil, então não podemos dizer mais sobre o conteúdo da história. Ao que foi dito por parte da crítica até agora, o filme tem um abordagem mais feminista da Cinderela do que o desenho original da Disney e que talvez essa discussão sobre a cintura da Cinderela esteja sendo sobreposta à aspectos positivos do filme. Pode ser. No entanto, não é algo que possa ser deliberadamente ignorado.


A maneira como a CInderela está sendo retratada nesse filme não deveria causar tanto espanto, afinal, é uma cópia fiel de como as mulheres são retratadas nos desenhos da Disney. Apesar de termos cada vez mais princesas saindo da regra quanto às suas personalidades cada vez mais fortes, decididas, de termos histórias que estão questionando a necessidade de um par romântico como ápice da felicidade final do filme, apesar de sucessos como Mulan, Pocahontas, Brave e Frozen que, cada qual ao seu modo, traz personagens inspiradoras às crianças que o assistem, os criadores e produtores cinematográficos ainda não conseguiram se desvencilhar do padrão magro retificado pela indústria do cinema.


Como forma de nos fazer refletir mais um pouco sobre essas questões, aqui estão alguns desenhos que mostram como algumas princesas seriam caso fossem... mais realistas:


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Fonte das imagens: Huffington Post

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