Por um Feminismo que Faça Recortes de Classe e Raça
- Por Ana Luiza Marciano
- 22 de dez. de 2014
- 2 min de leitura

Há tempos eu queria escrever um texto (ou desabafo) sobre o protagonismo do movimento negro dentro do feminismo e pelo fato de se tratar especificamente do movimento negro, adotarei uma práxis (prática) mais radical ou seja lá como vocês quiserem caracterizá-la por ser feminista marxista e além de tudo e principalmente uma pessoa negra afab.
É importante e chega até triste perceber que a marginalização das pessoas negras é constante em movimentos que deveriam acolher essas pautas ao invés de segregá-las como se fossem nocivas à pauta proposta por tal movimento - feminismo por exemplo - e fosse destruir uma ''união'' [sororidade]. Esse é o mais puro e liberal pensamento que podemos ter dentro de um movimento ignorando as amarras do racismo institucionalizado e estrutural que faz com que as pessoas negras afab sejam duplamente oprimidas pelo patriarcado e por ele mesmo. Podemos também perceber um afastamento das questões de classe - que anda interligada com a raça sempre e é quase impossível separá-las - sobre a alegação de que somos todes iguais dentro do feminismo e as pessoas afab são uma classe social só. Essa falta de recorte nos deixa invisível, nos cala e tira a nossa voz que já é pouca e por final nos apaga completamente. É liberal porque essencialmente foca na liberdade individual e ignora os problemas estruturais, é liberal porque foca somente nas pessoas brancas e de classe média.
É um feminismo que pouco se importa com as condições materiais atuais que determinam

diversos vetores de opressões e se prendem somente no plano do ideal ou seja, idealista. Por isso o protagonismo negro dentro do feminismo não deve se calar, não deve abaixar a cabeça em nenhum momento e deve sempre fazer todo o barulho do mundo até que finalmente deem um enfoque nas opressões e o quanto elas caem de uma forma mais intensa.
Ou é isso ou é nada. E se não for nada eu não quero estar aqui pra ver o que vai acontecer.

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